A previsão de que os brasileiros se endividariam com a quantidade de crédito facilitado do mercado virou uma certeza. Os números têm mostrado que a população está procurando mais o crédito consignado, cuja prestação é descontada do salário do trabalhador e o empréstimo é feito em dinheiro vivo, do que o crédito para linhas de consumo, como imóveis e veículos. O volume de aprovações do consignado cresceu 20,8% em 12 meses até abril, segundo dados do Banco Central (BC).
O avanço da inflação nos últimos meses diminui o poder de compra da população, o que resultou no desempenho pífio do consumo das famílias, que cresceu só 0,1% no 1º trimestre deste ano ante o último de 2012. O resultado das concessões de crédito para a compra de veículos, é um exemplo de como o brasileiro deixou de consumir, pois recuaram 5,9% em 12 meses até abril.
“Hoje, o ambiente é outro. As pessoas estão procurando crédito para fazer caixa, não para consumo”, afirma o economista-chefe da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), Nicolas Tingas. Para o economista “as famílias estão com o caixa estrangulado e precisam de crédito para completar o orçamento”. Em maio deste ano, 65,8% das famílias mais pobres, com renda inferior a dez salários mínimos (R$ 6.780), estavam endividadas, enquanto em maio de 2012 esse índice era de 56,9%, segundo pesquisa da Confederação Nacional do Comércio (CNC).
Segundo dados de Fábio Bentes, economista da CNC, entre dezembro do ano passado e abril deste ano, a média diária de concessões do crédito consignado cresceu 46,1%, considerando as variações típicas desses meses, enquanto no mesmo período, as aprovações diárias de financiamentos para aquisição de bens e compra de veículos caíram 22,9% e 17,2%, respectivamente.
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